Florestas em Moçambique
O Inventário Florestal Nacional levado a cabo pela Avaliação Integrada das Florestas de Moçambique fornece uma informação compreensiva sobre os recursos florestais de Moçambique e pela primeira vez permite uma análise estatística da precisão dos resultados a nível nacional. Os cálculos mostram que a precisão total do volume estimado a nível nacional é de cerca de 50% (correspondente a 40 milhões de hectares) para o total dos estratos considerados (florestas e outras formações lenhosas) e cerca de 10% para o volume total das florestas.
Situação Actual das Florestas em Moçambique
Apesar do grande potencial florestal, Moçambique enfrenta enormes desafios na gestão destes recursos, em parte devido a grande demanda da indústria florestal, e pelo facto de cerca de 85% das necessidades energéticas serem satisfeitas pela energia de biomassa.
Estima-se que a taxa anual de desmatamento é de cerca de 0.58%, equivalente a 219.000 hectares de florestas que se perdem anualmente. As causas principais desse desmatamento são a pressão humana através da agricultura itinerante, produção de carvão, recolha de lenha e as queimadas descontroladas.
As causas desmatamento e degradação florestal em Moçambique encontram-se em todas as categorias de uso de florestas. Mesmo as áreas de conservação são ameaçadas pelo desmatamento e degradação de florestas. Culturas agrícolas não planificadas, caça furtiva, corte ilegal de madeiras são indicadas como ameaças às Áreas de Conservação.
Conservação das Florestas
A redução do desmatamento pode ser feita através de programas que promovam a conservação. A actual rede de áreas de conservação, que inclui parques nacionais, reservas florestais, coutadas de caça, e fazendas do bravio oferece oportunidades de reduzir o desmatamento e degradação de florestas dentro dessas áreas. Para além de conservar importantes stocks de carbono, as áreas de conservação podem ser usadas para promover o ecoturismo, e assim gerar renda e emprego para as populações locais.
A Conservação de florestas pode criar as condições de base para a conservação de biodiversidade e desenvolvimento de iniciativas de eco-turismo. A participação da comunidade na gestão de lodges comunitários é uma prática comum e pode ser incentivada no sentido de melhorar e diversificar as fontes de renda de famílias rurais. As florestas, para além de armazenarem carbono a longo prazo, são importantes repositórios de biodiversidade animal e vegetal. O REDD+ reconhece e valoriza a necessidade de conservação de biodiversidade como um dos elementos de base para ligar a mitigação à adaptação.
Mudanças Climáticas em Moçambique
Moçambique é vulnerável às Mudanças Climáticas devido à sua localização geográfica na zona de convergência intertropical e a jusante das bacias hidrográficas partilhadas, à sua longa costa e à existência de extensas áreas com altitude abaixo do actual nível das águas do mar. Por outro lado, contribuem para a sua vulnerabilidade e baixa capacidade de adaptação, entre outros factores, a pobreza, os limitados investimentos em tecnologia avançada, e a fragilidade das infra-estruturas e serviços sociais com destaque para a saúde e saneamento. No país as Mudanças Climáticas manifestam-se através de mudanças nos padrões de temperatura e precipitação, aumento do nível da águas do mar e no aumento tanto em termos de frequência e intensidade de eventos climáticos extremos tais como secas, cheias e ciclones tropicais que afectam diferentes regiões do país todos os anos. As consequências incluem perda de vidas humanas, de culturas agrícolas, animais domésticos e fauna bravia, destruição de infra-estruturas sociais e económicas, aumento da dependência da ajuda internacional, aumento dos preços dos produtos agrícolas e deterioração da saúde humana, degradação ambiental e perda de ecossistemas.
Em termos globais, a ocorrência de eventos extremos resulta em perdas de vidas humanas, de bens, danos nos ecossistemas e ocorrência de doenças. Estas doenças resultam também da deterioração das condições ambientais (contaminação das águas e solos, águas estagnadas e stress hídrico para os ecossistemas, etc.). Para além destes, existe também um conjunto de impactos graduais.
Saiba mais:
O contexto de REDD+ em Moçambique – Causas, actores e instituições. Almeida Sitoe, Alda Salomão, Sheila Wertz-Kanounnikoff
http://www.cifor.org/publications/pdf_files/OccPapers/OP-76.pdf



